Sem rumo definido, PSDB busca nomes para fugir de João Doria

Durante a última semana ganhou destaque a colocação de Tasso Jereissati como presidenciável. Entretanto, tudo indica para uma notícia cortina de fumaça. No fim, a diretória tucana quer apenas avaliar a situação e buscar nomes para além do governador paulista.




Colunas, Paulo Junior

Os caminhos para 2022 estão realmente animados, e as principais legendas do país se movimentam para garantir seus candidatos na disputa pelo Palácio do Planalto. O PSDB, que se mantém bastante rachado, agora busca reduzir seus rasgos internos, tal tentativa se dá pela veiculação de um novo nome para as prévias do partido, trata-se de Tasso Jereissati. Cearense, Tasso é um político já muito experiente, e ao que tudo indica sequer vinha cogitando dispor seu nome no tabuleiro partidário em busca da indicação. Entretanto, Bruno Araújo, atual presidente do partido, o citou como um dos principais quadros internos para a disputa.

A fala do presidente do PSDB aconteceu no início da última semana, e vem repercutindo desde então. Bruno Araújo é desafeto de João Doria, governador de São Paulo, e político ansioso pelo posto de presidenciável, tendo tentado, inclusive, assumir o comando partidário. Porém, a jogada de Doria acabou não se concretizando. E ainda fez com que ele ganhasse um outro adversário, Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, é interpretado por algumas alas do PSDB como nome perfeito, sendo amplamente defendido frente a João Dória. Eduardo Leite também é considerado um excelente nome para o posto de vice.

E no meio de todo esse imbróglio nasceu o nome do senador Tasso Jereissati. Tasso, inicialmente refutou a ideia. Porém, ontem, 25, passou a declarar que aceitaria ser candidato, caso isso significasse uma união de forças para derrotar o atual governo. Ele também declarou que não seria interessante regressar aos momentos de PT no poder. Assim, ao que parece, Tasso já começa a articular bases discursivas de quem sonha com o assento do Planalto. Todavia, o desejo do veterano ainda esbarra na sua viabilidade, o PSDB como um todo enfrenta uma de suas maiores crises internas, e a costura de alianças com a legenda também não vem se dando de modo fácil.

Jereissati foi apontado como Biden brasileiro, em referência ao presidente norte-americano. NO entanto, para que de fato possa assumir a alcunha, precisará primeiro estabelecer laços no campo da esquerda e da centro-direita, assegurando que seu nome posse a ser viável. Enquanto isso não for visto, o nome de Tasso para presidente da República não passará de um mero balão de ensaio, uma notícia plantada e avaliada com demasia e cautela.

De fato, o senador cearense se tornou um político nacional, resultado dos mandatos no Congresso Nacional e da chefia no executivo do Ceará. Terá, ainda, o holofote importante da CPI da Covid-19, que iniciará os trabalhos já no mês de maio. Mas além dos grandes embates que terá internamente, é fundamental pontuar que hoje em dia há uma grande proximidade entre Ciro e Tasso. Assim, chegou-se a se verificar encontros dos dois, e até mesmo articulações para que o PSDB enveredasse pela candidatura Ciro Gomes.

Logicamente que o próprio PDT sabe da dificuldade desse arranjo, porém, administrativamente falando o partido de Ciro esperava, e ainda espera, acenos positivos de figuras importantes do campo tucano, principalmente de Tasso Jereissati. A experiência de Tasso é notada pelo PDT como um trunfo para construção de alianças, podendo situar o partido em um espectro um tanto quanto mais agradável, isso no campo das coligações. A possibilidade de observar Tasso no palanque cirista não deve, em hipótese nenhuma, ser descartada.

Nesse seguimento, pontua-se que em linhas gerais o nome do senador não deve, à princípio, prosperar de modo adensado. O que se nota com a pintura atual, é que a cúpula do PSDB busca desesperadamente um nome que lhes permita fugir de João Doria, que passa longe de ser consenso. Assim, é bem provável que em breve novos políticos da velha guarda sejam ventilados. Depois disso, o nome que melhor ressoar na mídia e nos corredores políticos será construído.

Hoje, o PSDB já articula ao menos outros três integrantes como alternativas ao governador paulista, são elas: Eduardo Leite, Tasso Jereissati e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.

O que se nota na atualidade é que o partido do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, está momentaneamente desgovernado, brada contra o governo, mas em diversos momentos vota junto ao Palácio do Planalto. Ao mesmo tempo não consegue firmar um nome que lhes permita trabalhar objetivamente os planos para 2022. Assim, a legenda observa tempos de irrelevância no cenário nacional, aos poucos deixa de pautar de modo claro o debate público.

A citação ao nome de Tasso não é beligerante, pontue-se, o que se aponta é que ela não se faz em linhas planejadas. Ela se realiza inserida no caos, sem método, planejamento ou organicidade política. Até a rasa tentativa de trazer Ciro Gomes ao lado tucano se faz em bases pouco sólidas, pois o Pedetista precisaria de muito mais estímulo do que apenas um aliado no posto de presidenciável.

O PSDB necessita se reorganizar internamente, pois é uma força política importante ao tabuleiro de 2022. Precisa encontrar meios de caminhar com as suas rachaduras, pois as feridas estão expostas e o sol está degradando a estrutura partidária. A legenda ainda é um norte político importante, portanto, não pode ser ao luxo de viver de balões de ensaio, ou evitar tacitamente os embates da estrutura interna.