Estamos presos, faltam respostas. Sentimos fome e sede, aparecem miragens. Aqui é vazio, mas às vezes conversamos com o silêncio e ele nos abraça. Já não sabemos quando seremos libertos, a justiça é inesperada. Na verdade, usamos vendas para suportar a realidade e procrastinamos a nossa liberdade. Assistimos juntos ao filme, em que os protagonistas são mortos até a cena final.
Os dois últimos protagonistas são assassinados. Um morre dizendo: revolução, o outro, já deitado no chão, é fuzilado de braços abertos, crucificado sem cruz.
O filme é triste, mas nos faz crer que é preciso mudar. Ainda somos poucos, diante dos fuzis, só nos sobram as rosas, mas pétalas e espinhos, não derrubam as injustiças, imagine fuzis. Deixem as rosas por perto para que não seja perdida a ternura.
O filme acaba, mas continuamos presos. As grades são tão invisíveis que achamos que estamos soltos. Podemos escrever uma crônica e decidir sobre quem vai viver e se libertar, mas a história não se faz por desejos, o amor não se decreta. É a somatória de fuzis, rosas e confrontos. Não existe paz na guerra. As rosas não venceram os fuzis sem lutar.