Um brinde à Tony Morrison

Tony Morrison, primeira mulher negra a ser agraciada com o Nobel de Literatura, é uma escritora com uma linguagem forte e fluída, cuja obra traduzida para vários países é pura potência: onze romances, cinco livros infantis, oito obras de não ficção, contos e peças de teatro.




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No ano de 1993, a Academia Sueca curvou-se aos romances fortes de uma americana negra: Tony Morrison foi agraciada com o Nobel de Literatura. Nascida Chloe Ardelia Wofford (18 de fevereiro de 1931, em Lorain, em Ohio, nos EAU) converteu-se ao catolicismo aos 12 anos e seu nome de batismo passou a ser Anthony, ou simplesmente Tony.

Segunda filha de um casal (Ramah e Goerge) de classe média baixa, Tony foi uma leitora ávida que, em 1953, formou-se em Inglês (Universidade de Howard) e dois anos depois concluiu o mestrado com uma dissertação sobre o suicídio nas obras de William Faulkner (1897-1962) e Virgínia Woolf (1882-1941).

Você já se sentiu feio / a, ou já se questionou o que deveria fazer com seu corpo e com seu cabelo para ser aceito /a pela sociedade? Não. Conhece alguém que já vivenciou esse sentimento de exclusão social? E que ainda por cima teve uma mãe negligente e um pai abusador?. Esse é o enredo de “O olho mais azul” (1970), estreia de Morrison, uma obra sensível, tocante, incômoda, mas inspiradora de uma personagem negra, Pecola Breedlove, nascida em uma sociedade (década de 1940, nos EUA) que parece ter sido erigida para exclusão, e que ainda hoje, diz não para todos / as que não se encaixam no padrão de beleza posto.

Os romances de Morrison foram ambientados nos séculos XIX e XX dos Estados Unidos, contexto marcado pelo racismo, pelo patriarcado e pela hipocrisia social. Eles   nos trazem história comoventes e dolorosas de mulheres negras que foram invisibilizadas, escravizadas, violentadas e separadas de seus filhos. A ideia de ser mãe e a sua própria feminilidade foram negadas a elas. Lutar e resistir eram suas únicas opções.

Premiadíssima, Tony Morrison é autora, ainda, de romances como “Sula” (1974), “Amada” (1987), “Paraíso” (1999) e “Amor” (2003). É uma das vozes mais potentes da literatura afro-americana contemporânea. Vamos escutá-la!