Sem leitor, sem obra literária

Cada obra literária, ao ser publicada, é um convite para ser conhecida e desvendada.
Isso só é possível, quando ela for aberta e lida. Sem o leitor, a obra literária será
sepultada.




Coluna Literária, Colunas

Você já parou para pensar o que seria das obras literárias se não fossem os
leitores? A própria existência da Literatura estaria comprometida, porque não há uma
arte sem público. Os autores produziram suas obras e elas acabariam esquecidas nas
prateleiras das bibliotecas das escolas, das universidades ou dentro de uma gaveta
empoeirada dentro de um escritório.
O livro fechado é como uma casa sem dono. Não apresenta nenhuma
importância. É o leitor quem legitima ou não uma obra. O escritor escreve para ser lido,
analisado, debatido e questionado. Ele quer se fazer ouvir, discutir, levantar questões,
estabelecer relações com fatos históricos, com outras áreas do conhecimento ou mesmo
com outros autores.
Por meio do leitor, texto e autor ganham sentido, atingem a imortalidade. Dessa
forma, cada leitor confere a sua leitura os traços de uma compreensão da obra que
melhor lhe parece. Compreender uma obra requer que o leitor compreenda a si próprio,
porque a leitura tem a ver com empatia, projeção, identificação.
O livro é sempre enriquecido pelo leitor, porque cada vez que ele o lê, um novo
fato é descoberto, um mistério é desvendado. É como se as palavras apresentassem
novas conotações. A leitura e a interpretação nunca são as mesmas. A boa leitura exige
interação e participação. Ser leitor não é ser um simples contemplador do texto. É, antes
de tudo, ‘assumir responsabilidade’ por ele, é reescrevê-lo se necessário, é excluir a

pessoa mais íntima de seu convívio durante o ato de ler, é extrair do silêncio o ambiente
adequado à sua leitura.
O leitor é peça chave do texto. Através dele, o texto será compreendido,
reinterpretado, ganhará novo sentido e conotação; a literatura será propagada, novas
culturas serão descobertas. A sobrevivência da obra depende do leitor.