O governador Camilo Santana (PT) age para deixar marcas importantes em seu histórico. Em 2018 foi o governador percentualmente mais votado do país, com quase 80% dos votos válidos. Atualmente goza de uma popularidade invejável aos chefes de executivo. Segundo a pesquisa mais recente, o governador conta com nível de aceitação acima de 70%. Tudo isso vem tonando o caminho de Camilo ao Senado Federal bastante crível e esperado, ele atua para entregar o máximo de obras possível. Com viagens quase diárias, o político é bem quisto até por membros da oposição.
O trajeto de Santana para o Senado já é certo, e somente uma grade reviravolta poderia alterar esse fato. Agora, resta ver como o ainda governador irá responder nas urnas. Pondera-se que sua vitória é praticamente certa, mas também é factível que ele se torne o candidato ao senado mais votado do estado, tirando o título alcançado por Cid Gomes (PDT), em 2018.
Camilo circula pelo Ceará cotidianamente, tem diálogo aberto com quase todas os prefeitos municipais. Nessa linha, é bastante possível que ele consiga unificar diversas legendas em volta de seu nome. Caso isso não ocorra de modo prático, certamente se observará um movimento interessante, prefeitos de oposição cedendo palanque para Santana. Alguns destes nomes já gozam de uma relação demasiadamente próxima ao governador, tal qual o prefeito de Caucaia, Vitor Valim (Pros).
Santana também intensificou a agenda de inaugurações e ordens de serviço, o chefe do executivo tem percorrido todas as regiões do estado, a fim de se aproximar de lideranças locais. Além de amplificar a cobertura midiática em volta de seu nome e das ações desenvolvidas no seio do executivo cearense. De acordo com aliados próximos ao gestor, ele já planeja, inclusive, quais serão as últimas grandes obras que irá inaugurar. Nessa lista está o Centro Cultural do Cariri, o estádio Romeirão, além de uma sequência de trechos de vias estaduais. Assim, quando se afastar do cargo, em abril de 2022, as grandes inaugurações já teriam, em tese, ocorrido.
Camilo também articula sua sucessão ao Palácio da Abolição, e seu ungido deve ser o atual presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão. O deputado estadual já chegou, inclusive, a assumir o posto de governador, quando o titular e a vice viajaram para um tour na Europa. Durante uma semana como chefe do executivo, ele andou por diversas cidades cearenses, assinou ordens de serviço, entregou pequenas obras e aproximou-se de lideranças importantes para o contexto local. Evandro também esteve alardeado de outros nomes que são significativos para os palanques locais, como o deputado estadual Fernando Santana. Fernando também é vice-presidente da Assembleia e figura próxima do governador Camilo Santana.
Ou seja, Camilo Santana age rapidamente e será fundamental também para sua sucessão, não será capaz de assumir papel de coadjuvante, deixando que o clã Ferreira Gomes guie todos os passos que definirão os nomes de 2022. Camilo tornou-se tão grande quanto seus mestres, dotado de poder político próprio e de articulações que ultrapassam fronteiras estaduais, ele consolida o caminho para o Senado Federal, cargo para o qual não deve observar dificuldades de eleição. Porém, também pactua meios de definir objetivamente quem será seu sucessor no Abolição.
Novas inaugurações estão por vir. Camilo deixará o governo em abril, mas o lastro para Izolda Cela será limitado, ela deverá muito mais manter a casa em ordem do que rodar o estado em eventos de grau público. Santana quer entregar quase tudo, quer estar nos grandes eventos, deixar o governo no auge e pavimentar a votação histórica que almeja ter. Resta ver o que acontecerá, 2022 já está chegando.
