Queiroga apegou-se ao cargo e ao bolsonarismo

O atual Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está em isolamento social, contraiu Covid-19 durante viagem a Nova York. A infecção de Queiroga e suas últimas declarações escancaram que ele se alinhou inteiramente ao bolsonarismo. O ministro que um dia se pensou técnico, é só mais um no caótico desgoverno Bolsonaro.




Colunas, Paulo Junior

Marcelo Queiroga tem 55 anos, é médico e fora presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O currículo dele chamou bastante atenção em março, quando foi nomeado Ministro da Saúde, pois teoricamente se trataria de um nome técnico para o controle da pasta, fundamental quando se vive uma pandemia sem precedentes recentes. No entanto, Queiroga evidencia que é um técnico de qualidade questionável, alinhado ao bolsonarismo mais hediondo que existe, opta por conduzir a gestão pandêmica segundo o descontrole de seu chefe. Queiroga agarrou-se ao cargo, e em nome dele não titubeia ao arriscar não acelerar a vacinação e dar vasão aos desvarios do presidente da República.

Marcelo Queiroga é o quarto Ministro da Saúde do governo Bolsonaro, todas as trocas foram realizadas ao longo da pandemia de Covid-19, ou seja, o ministério esteve seguidamente envolto em instabilidades administrativas. Instabilidades que fazem o Brasil figurar como um dos países de pior lidou com a condução da Covid-19 no mundo.

Quando o cardiologista chegou ao comando da pasta a sensação era de que, após a desastrosa gestão de Eduardo Pazuello, o país teria alguém compromissado com a ciência comandando as ações de combate ao novo Coronavírus. Entretanto, a sensação durou pouco, durou apenas o curto espaço de um piscar de olhos. Queiroga agiu ligeiro e demarcou suas posições em direção ao presidente, assim, os questionamentos à vacinação e desatenção ao uso de máscaras tornaram-se prática da principal autoridade sanitária da República.

Bolsonaro quer uma data para estabelecer o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaço públicos, e Marcelo Queiroga, aparentemente, está comprometido em entregar esta data ao presidente. Queiroga foi flagrado usando o instrumento de forma inadequada em diversas ocasiões. Queiroga está com Covid-19, infectou-se na viagem realizada para participação na Assembleia Geral da Onu.

Comitiva brasileira em Nova York. Foto: Reprodução Instagram.

A comitiva brasileira foi impedida de acessar áreas internas de restaurantes da cidade norte-americana, pois lá vem sendo exigido o comprovante de vacinação, e diversos membros da comitiva – inclusive o presidente – ainda não estão imunizados. O Ministro da Saúde achou linda a foto em que, ao lado de seus companheiros de viagem, jantava na rua. Aquela imagem hoje é símbolo do pária mundial que o Brasil se tornou, reduzido, quando o presidente falou na Onu, poucos lhe deram ouvidos. Bolsonaro pintou um Brasil de maravilhas, falseou a realidade e mentiu descaradamente, Queiroga é parte desta mentira, mas a infecção do chefe da saúde age como o bom jornalismo, e destrona parte das inverdades proclamadas.

Queiroga está em isolamento na cidade de Nova York, chegou-se a divulgar que a estadia do ministro custaria cerca de R$30 mil aos cofres públicos. Em meio a isso, o titular da Saúde mostrou o dedo do meio para manifestantes que falavam contra sua gestão e do presidente Bolsonaro. Antes disso, ainda no Brasil, falou contra a vacinação de adolescentes, voltando atrás algum tempo depois.

Em meio a isso, bradou que não é necessário ampliar o ritmo de vacinação, pois não há um porquê para tanta pressa. No caos, Queiroga tenta emular o seu chefe, ele está apegado ao cargo e já não é capaz de racionar integralmente de acordo com a ciência. Algum dia o foi? Queiroga usou os últimos meses para ler a cartilha de Bolsonaro, e pelo visto foi um aluno bastante aplicado, hoje, ele mais um desministro.

Em breve, Marcelo Queiroga estará novamente no Brasil, será mais uma vez ouvido na CPI Covid-19, de sua boca brotará um país de brio e bonança, um país que lutou pela vida de seus pátrios e que vacinou logo e quando deveria. O Brasil de Queiroga é igual ao do presidente, e esse Brasil é fictício, pois o Brasil real é o do dia a dia da população. No Brasil real a vacinação foi lenta, o destímulo ao uso de máscaras matou e mata, as aglomerações comandadas pelo executivo nacional foram um desrespeito. E o ministro Queiroga? Este apegou-se ao poder, ou melhor, apegou-se a sensação de poder, pois como muitos dos ministros, Queiroga é só uma marionete dos loucos devaneios bolsonaristas.