PSOL e Rede Sustentabilidade devem confirmar Federação Partidária

Os partidos estão em processo adiantado, e a federação deve ser confirmada na próxima terça-feira, 15. No entanto, mesmo relativamente alinhados, ainda existem pontos a serem acertados. Se não o forem agora, haverão desgastes em breve.




Colunas, Paulo Junior

As eleições de 2022 se dão em meio a uma nova possibilidade de arranjo partidário, as federações. Porém, diferente das coligações, que podem ser encerradas após o pleito, as federações devem durar no mínimo quatro anos, e os partidos que à integram devem atuar em formato de bloco, ou seja, quase que como uma única legenda durante este período. Rede Sustentabilidade e PSOL anunciaram no último sábado, 12, os encaminhamentos para formação de uma federação, contudo, apesar de guardar proximidades, as legendas tem algumas questões que precisarão ser ajustadas até que o momento da urna de fato chegue.

Os dois partidos têm atuação relativamente próxima, e a junção de um formato de federação foi comemorada por nomes importantes de cada uma das legendas, como Randolfe Rodrigues, senador da Rede, e Juliano Medeiros, presidente do PSOL. Os partidos esperam construir uma bancada de cerca de 20 deputados federais, o que daria fôlego e maior relevância a ambos os envolvidos.

Mas a união também encontrou críticas dentro dos próprios partidos, especialmente no PSOL. O deputado federal carioca, Glauber Braga, usou o Twitter para afirmar que seu partido “errava feio” ao comemorar uma possível federação com a “Rede de Marina Silva”. Glauber é no seio do PSOL um dos nomes que defende uma candidatura própria à presidência da República, ele chegou, inclusive, a se lançar como pré-candidato.

No entanto, essa é apenas a ponta de um iceberg que precisará ser transposto ao longo da formação da federação. Os partidos ainda não têm encaminhamento concreto quanto à eleição de outubro, assim, muitos caminhos estão postos e há figuras importantes em cada um desses espaços e encabeçando cada uma dessas trilhas.

O PSOL apresenta larga aproximação com o ex-presidente Lula (PT), e deve estar no palanque petista, apesar de não haver unanimidade interna. Nessa linha, já existem diálogos importantes quanto aos caminhos do governo paulista. Reviravoltas neste quadro são menos esperadas.

Por sua vez, a Rede observa uma incongruência maior, apesar de Randolfe Rodrigues ter sido convidado para coordenar parte da campanha lulista, seguem sendo aventadas possibilidades de que Marina Silva poderia ser vice de Ciro Gomes (PDT), algo menos factível no momento. Todavia, a porta voz nacional da legenda, Heloisa Helena, já reiterou que não muda absolutamente nada nas críticas feitas ao ex-presidente petista, lembre-se que em 2006, a ex-senadora chegou a chamar Lula de gangster.

Heloisa Helena defendeu desde o início que a federação não estivesse condicionada a um apoio único dos filiados a um nome na corrida pelo Planalto Central. Ela deve disputar uma vaga na Câmara Federal, e já disse que buscará votos para o candidato pedetista, Ciro Gomes.

A situação interna da Rede pode travar alguns diálogos importantes no que tange a federação, e dificultar acordos de cunho regional. Além disso, a depender dos moldes em que a organização federativa se ordene, é possível que se observe uma debandada considerável de alguns nomes, isso atingiria de modo mais abissal o PSOL, que poderia perder figuras significativas e com lastro eleitoral importante.

Nesta terça-feira, 15, será o dia em que a cúpula psolista deverá discutir a federação e votá-la, a partir deste ponto será possível notar de modo mais prático como os nomes envolvidos irão se comportar. Afinal, movimentos importantes serão praticados nesse meio tempo e, diferentemente da Rede, que aprovou a federação de modo unânime, no PSOL os ânimos de alguns estão um pouco mais exaltados.