PDT conduz ofensiva na tentativa trazer Boulos para campanha de Ciro Gomes

O PDT está investindo fortemente na busca de nomes e legendas que possam dar substância à campanha presidencial de Ciro. O mais recente nome é Guilherme Boulos (Psol). Carlos Lupi, maior cacique pedetista, esteve reunido com o psolista.




Colunas, Paulo Junior

Nos caminhos para construção dos rumos que concretizarão o pleito de 2022, o PDT tem agindo de modo bastante amplo, buscando ao máximo esticar o seu arco de alianças. Além de voltar-se a nomes relevantes do espectro político recente. Um destes casos é Guilherme Boulos (Psol). Boulos foi candidato à presidência em 2018, e agora é cortejado pelo PDT de Ciro Gomes, o desejo dos pedetistas é ter Boulos como cabo eleitoral da campanha de Gomes em São Paulo.

A informação do interesse veio à público nesse domingo, 25, e foi publicada pelo colunista de O Globo, Lauro Jardim. De acordo com ele, Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, esteve reunido com Boulos há cerca de uma semana. No diálogo, Lupi teria deixado evidente o desejo de apoiar o Psol na disputa pelo governo paulista. Atualmente Guilherme Boulos é pré-candidato ao executivo de São Paulo.

Apesar da conversa ter seguido por tons demasiadamente afáveis, o sonho pedetista é um tanto quanto duro. Pois, Boulos, desde já, vem fazendo campanha para o candidato petista, que, ao que tudo indica, deve ser o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Psol e PT tem uma aproximação antiga, mesmo com todas as dissidências que envolvem as duas siglas. Essa aproximação vem se acentuando desde o pleito de 2018, quando Fernando Haddad (PT) esteve no segundo turno. Além disso, Boulos tem sido figurinha repetida nos atos públicos promovidos pelo Partido dos Trabalhadores.

O PDT anseia com um palanque forte em São Paulo, para, assim, dar corpo à campanha de Ciro Gomes no maior colégio eleitoral do país. Na eleição passada a sigla havia apostado em um nome doméstico, porém, Marcelo Candido não foi capaz de empolgar o eleitorado paulistano. Agora, pedetistas observam muito mais o ciclo de alianças, e devem recorrer a elas para confirmar um palanque com razoável inserção social.

Guilherme Boulos (Psol) e Lula (PT) durante encontro realizado em maio de 2021. Foto: Reprodução Carta Capital

As investidas pedetistas ao clã psolista, também, denotam um fato bastante importante, que a legenda comandada por Carlos Lupi já busca possíveis alternativas ao não alinhamento com PSB. Pois, o PSB provavelmente terá candidato na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

O PSB, inicialmente, trabalha com o nome de Márcio França, que já foi governador, e promoveu uma disputa acirrada contra João Dória (PSDB), em 2018. França aparece em segundo lugar no levantamento realizado pela Paraná Pesquisas, ele pontuou 15,4%. Por sua vez, Geraldo Alckmin (PSDB) apareceu com 19,9%.

Os arranjos nas candidaturas ao governo de São Paulo devem ser notados com elevada atenção. Alckmin ensaia voltar ao Palácio dos Bandeirantes, porém, seu partido pode lançar Rodrigo Garcia para a disputa. Rodrigo é vice de João Doria, atual governador do estado. Dória também anda indeciso, apesar de sonhar com a campanha presidencial, já aventou a possibilidade de buscar a reeleição e, na última semana, chegou a cogitar diálogos com vias a alianças com Ciro Gomes.

No imbricamento paulistano é preciso ponderar, ainda, que Geraldo Alckmin pode deixar o PSDB, assim, concorreria ao executivo estadual por outra legenda. Estão em suas possibilidades de destino, o PSB, PSD e até o PSL, este último sendo o mais improvável. Contudo, a saída de Alckmin do ninho tucano iria mexer profundamente com o jogo político local e nacional, ele é um dos fundadores do partido e conta com ótima entrada no eleitorado paulista. Logo, será peça bastante relevante.

Voltando à Boulos, na pesquisa relatada ele aparece como nome competitivo, com 11,4% das intenções de voto. Estando, inclusive, tecnicamente empatado com Fernando Haddad (PT), que aparece com 13,4%. Nesse bojo, é importante conjecturar que o PT provavelmente terá candidato próprio em São Paulo, logo, Lula teria ao menos dois grandes palanques. Portanto, se por acaso o PDT fosse capaz de seduzir Boulos, seria um importante baque ao núcleo petista.

Os desenhos até 2022 estão cada dia mais interessantes, forças se reequacionam a todo instante. Muita coisa ainda está por vir. Os movimentados pedetistas deixam luminar que não há chance de recuo na candidatura de Gomes, eles querem ser a terceira via. Nessa linha, atuam para trazer nomes significativos, já trabalhando sob diversos cenários possíveis. Boulos no barco de Ciro Gomes pode parecer impossível, porém, estamos falando de política partidária e, neste caso, o impossível é uma palavra raramente utilizada. Que os jogos continuem.