Os indecisos lideram a corrida para 2022

O volume de levantamentos sobre as intenções de voto para o pleito presidencial de 2022 estão crescendo de modo acentuado. Apesar de indicarem uma forte polarização entre Lula (PT) e Bolsonaro (sem partido), os indecisos ainda ocupam a liderança percentual e farão diferença.




Colunas, Paulo Junior

As pesquisas de intenção de votos mais recentes apontam, costumeiramente, cenários polarizados entre o ex-presidente Lula (PT) e o atual presidente, Jair Bolsonaro (sem partido). No contexto deste momento, o petista e o hoje mandatário nacional iriam ao segundo turno, com Lula vencendo as eleições. Porém, as pesquisas que indicam a polarização, também apontam que existe um largo espaço de rejeição aos principais nomes, e abertura para um postulante que se configuraria como alternativa aos polos mais bem colocados, os indecisos lideram os levantamentos em todos os institutos. Logo, o cenário para o pleito de 2022 está longe de encontrar de modo definitivo os seus protagonistas.

Os números mais recentes trazidos pelo DataFolha, e pela Ipespe, mostram que quando o levantamento é espontâneo, ou seja, quando os nomes dos candidatos não são apresentados aos entrevistados, mais de 40% do eleitorado afirma estar incerto da decisão. Nessa linha, existe uma clara abertura para que outros nomes se firmem neste espectro, podendo tornar-se competitivo e angariar uma ressonância social que o leve ao segundo turno. Todavia, a pulverização de nomes e a indecisão também do meio político dificulta que este processo se efetive real.

A crescente desaprovação ao governo Bolsonaro, fazendo com que ele se torne cada vez menos competitivo, tende a encaminhar o futuro desembarque do Centrão. Porém, o grupo fisiológico age na tentativa de alastrar-se pelo governo enquanto puder, ou seja, no momento que decidir sair, talvez, já seja tarde para construir um nome viável. Assim, terão que entrar em outro barco, resta ver qual será, em 2018 o barco do PSDB foi o escolhido.

Em 2022 o trajeto mais natural, ao menos de acordo com frame deste instante, é que o eleito seja alguém do meio político, não se deve ver o retorno de Bolsonaro ao Planalto, ou mesmo a condução de um novo outsider. A situação de liderança do ex-presidente já denota isso, defronte ao caos gerado pela ingestão bolsonarista, há um desejo de retorno a um nome que carregue consigo alguma história política.

No entanto, o lastro de rejeição ao petista também não deve ser desconsiderado, assim, a liderança do frame momentâneo pode sofrer abalos em um futuro próximo. A candidatura Lula sofrerá ataques de muitos lados, o que pode lhe trazer alguma desidratação, abrindo espaço para ascensão de um nome que seja capaz de expurgar Bolsonaro do segundo turno.

Jair Bolsonaro (sem partido), Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB). Foto: Reprodução Jornal O Globo

De acordo com o levantamento feito pelo Ipespe, esse nome que seria responsável pela derrocada da polarização que hoje vigora ainda não está firmado, ou sequer foi apresentado. No entanto, é fundamental observar que no momento vigente as chances de um nome, além dos que estão expostos na mesa, são pequenas. Deste modo, o caminho mais promissor para os indecisos que, inicialmente, negam Lula e Bolsonaro deve ser a adesão a uma das candidaturas que já vem sendo desenhada.

Neste trajeto, existem muitos balões sendo jogados ao vento. Mas os mais importantes, e que devem aglutinar mais, sairão de entendimentos que só tomarão forma nos próximos meses. Esses entendimentos envolvem algumas siglas do Centrão, e de modo especial o pedetista Ciro Gomes e o atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

As atenções políticas de 2022, inegavelmente, estarão circunscritas a Lula (PT), Bolsonaro (sem partido), Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB). Desta forma, os indecisos que são maioria, e permanecerão nesta posição ainda por um tempo considerável, irão rumar para a consolidação da polarização ou para um dos outros dois polos expostos.

É importante notar que existem outros nomes sendo veiculados, todavia, eles encontram pouca abrangência e seus partidos, muito provavelmente, caminharão para a celebração de alianças. 2022 deve ser um pouco menos fragmentado do que 2018, ou seja, o volume de alianças será maior e o número de candidaturas menor. Esse contexto deve reduzir a pulverização desse eleitor ainda indeciso, portanto, ele provavelmente caminhará para exclusão de um dos nomes da polarização do segundo turno do pleito; no mesmo trajeto elevará alguém ao posto de terceira via, resta ver quem será o excluído e o alçado.

Está coluna apostará apenas no excluído. A derrocada moral, política, econômica, social, ética, ampliada pela incapacidade de gestão, devem culminar com um Bolsonaro incapaz de remar até o round final de 2022. O atual presidente é comandante do nada, do vazio, gere uma ilusão. E quem gere a ilusão que Bolsonaro gere, tem poucas chances de sobreviver politicamente, assim, ele caminha para o seu fim. Um fim construído com afinco e dedicação por ele próprio.