A solidão de Ciro Gomes (PDT)

Prestes a iniciar sua quarta campanha presidencial, Ciro Gomes ainda não sabe quem será seu vice. Sem alianças, verborrágico, e vendo uma polarização acirrada, ele não consegue crescer nas pesquisas. E caminha para estar, mais uma vez, sozinho com seu partido.




Colunas, Paulo Junior

As convenções partidárias estão prestes a começar, devem ser realizadas entre 20 de julho e 5 de agosto. O PDT, partido do presidenciável Ciro Gomes, deve realizar o seu evento no primeiro dia do prazo, oficializando o ex-governador do Ceará como candidato ao Palácio do Planalto. Porém, Gomes vive um árduo isolamento. Sem alianças, incapaz de atrair até pequenos partidos, sonha com um vice pomposo. Mas, ao que tudo indica, terá que se contentar com uma solução caseira, indo às urnas em uma chapa pura, tal qual 2018.  

Ciro Gomes anda pelo país, percorre universidades, dá entrevistas, constrói declarações arbitrarias, estica a corda para justificar determinadas posições. Ciro é político da velha guarda, tenta invocar a experiência como fator agregador de apoio. Contudo, estancado em 9% nas pesquisas de intenção de votos, não conseguiu se fazer atrativo aos partidos de maior relevância.

E o que o PDT pouco pensou que aconteceria, está prestes a acontecer. O partido liderado por Carlos Lupi idealizou um Ciro Gomes mais competitivo, mas está sendo obrigado a lidar com a realidade. E no contexto atual, Gomes não vem sendo capaz de fazer frente aos polos colocados. Lula e Bolsonaro tem alta capilaridade, e monopolizam a atenção dos campos social, político e midiático. O ex-governador tenta correr por fora, mas tem sofrido para obter vitórias mínimas.

Na convenção do próximo dia 20, o PDT pretende afirmar a candidatura de Ciro Gomes, mas não se saberá do vice em sua chapa. O partido ainda trabalha com duas possibilidades remotas. O sonho é trazer para o posto alguém do PSD de Kassab, ou do União Brasil de Luciano Bivar. É preciso que se repita o termo ‘sonho’, pois no campo prático é disso que se trata.

O PSD de Kassab vem se mantendo relativamente distante do imbróglio presidencial, tendendo a apontar uma pseudo neutralidade. No entanto, o ex-prefeito de São Paulo é tido como suplente preferencial de Márcio França (PSB) em sua busca por  uma vaga no Senado. França será candidato na chapa de Fernando Haddad (PT) no governo de São Paulo, além disso, há rumores de que Gilberto Kassab deve indicar voto em Lula já no primeiro turno. Portanto, mesmo que a cúpula do PSD opte por uma neutralidade abstrata, um de seus principais caciques tem caminhado com toda a bagagem permita para o barco liderado pelo ex-presidente Lula (PT).   

No União Brasil, Luciano Bivar é pré-candidato à presidência. Mesmo a candidatura de Bivar sendo um fracasso anunciado, o partido que ele coordena tem avaliação interna de que Ciro Gomes já encontrou o seu teto depois de três disputas pelo Palácio do Planalto. O União observa que não existiria ganho em uma possível aliança com o pedetista.

E assim, sobrará à chapa soluções domésticas, e duas já estão sendo sondadas. A primeira delas é a senadora pelo Distrito Federal-DF Leila Barros (PDT). Todavia, Leila parece declinar do convite e lançou recentemente sua pré-campanha pelo governo do DF. A outra alternativa é a ex-reitora da USP, Suely Vilela, no entanto, internamente entende-se que Suely é demasiadamente desconhecida, e que sua presença na chapa não teria nenhum apelo prático, ou capilaridade capaz de atrair um novo nicho de eleitores.

E assim, Ciro Gomes caminha para enfrentar o isolamento de uma nova campanha presidencial. Já tendo dito muito, subido o tom de voz e corrido para todos os lados possíveis, é preciso ver se o pedetista ainda pode surpreender. Na fatura apresentada hoje, Gomes pode nem repetir o desempenho de 2018.

E o vice? Bom, o vice deve sair apenas no último dia de prazo, em 5 de agosto. Até lá o PDT sonha. E Ciro também.