Marina Silva, de 1% em 2018 à correligionária disputada em 2022

Marina é experiente, e não começou hoje na política. Muitos deram como findada a sua vida política depois do resultado de 2018, porém, ela está viva e é desejada por petistas e pedetistas, em especial. Resta ver para onde Marina vai.




Colunas, Paulo Junior

Em 2018 chegou-se a cogitar o fim político da ex-ministra Marina Silva. Candidata à presidência da República por seu partido, a Rede Sustentabilidade, Silva viu seu pior resultado eleitoral, encerrando a disputa com cerca de 1% dos votos válidos, o que lhe colocou na oitava posição entre os presidenciáveis. Contudo, em 2022, o que se vê é que Mariana nunca antes esteve tão viva no debate público, seu apoio é cortejado e amplamente desejado, postulantes variados almejam tê-la em seus palanques.

Marina Silva sempre se manteve como política reservada, e está há um tempo considerável afastada de cargos públicos. Sua última posição foi como senadora, em mandato encerrado em fevereiro de 2011. Desde então vinha buscando meios de construir-se enquanto um nome de contraponto ao Partido dos Trabalhadores, isso ficou evidente nas corridas presidenciais de 2010 e 2014, quando a ex-senadora observou resultados eleitoralmente interessantes. Apesar de ter ocupado a terceira posição nas duas ocasiões, ela guardava um cacife político de 20% dos votos válidos.

Esse cenário mudou em 2018, porém, no estarte das disputas que encaminham as alianças para o jogo eleitoral que será finalizado em outubro, o nome de Silva ressurgiu com intensidade. Ela é percebida como um quadro altamente relevante, pois tem um histórico considerado ilibado e sem envolvimento em escândalos de corrupção. Marina é vista como uma espécie de passaporte moral.

Nesse contexto, as candidaturas do campo da oposição têm direcionado olhares desejosos para Marina Silva. É interessante destacar, de princípio, duas campanhas, a do ex-presidente Lula, e a do ex-ministro Ciro Gomes. Ambas desejam ter Marina empunhando suas bandeiras, entretanto, ela segue sem afirmar em definitivo qual caminho tomará.

Nos últimos meses, o quadro da Rede Sustentabilidade foi sonhada como vice de Ciro Gomes, que agora a deseja como apoiadora, mas que já disse que ela terá o papel que quiser em sua campanha. Já o PT tenta sondar Marina para que ela conceda apoio direto ao ex-presidente.

Existem entraves fortes nos dois pontos. Marina ainda não engoliu a contratação de João Santana como marqueteiro do PDT. Em contrapartida, troca afagos constantes com o presidenciável pedetista, e nomes como Heloisa Helena, porta voz nacional da Rede, já disse que manterá apoio a Ciro.

No caso Lula a situação é um tanto mais complexa. Marina e Lula guardam mágoas antigas, e aparentemente ambos têm dificuldade de abrir uma linha direta de diálogo. Os entraves datam da divulgação de episódios privados dos dois, especialmente durante a saída de Marina do posto de Ministra do Meio Ambiente, cargo que ocupou entre 2003 e 2008. Também existem ressentimentos da campanha de 2014, quando Marina foi acusada de ser “sustentada por banqueiros”, de não ler o próprio programa de governo, e de não ter aprendido nada com o período em que esteve no PT.

Em preços de março de 2022, o fato é que a ex-ministra é verdadeiramente cortejada, até mesmo João Doria esboçou acenos a ela. Todavia, o caminho lógico para Marina, que deve disputar uma vaga na Câmara Federal, será o postulante do PDT ou o do PT.

Essas cenas decisórias devem ser notadas em breve, a federação da Rede com o PSOL certamente adiantará os passos. Aqui pondera-se que, apesar de a federação cultivar apoio ao ex-presidente Lula, há forte intenção da Rede em liberar a bancada sobre a decisão. Assim, é possível que quadros importantes da legenda da ex-senadora estejam em barcos diferentes do oficial, caso de Heloisa Helena.

Marina está desenhando seu caminho, declarou que pode estar junto de Lula, mas é preciso dialogo, algo que ainda é muito prático. A candidatura Ciro traceja meios de manter-se competitiva, e segue cortejando a política, que certamente seria um nome relevante a seu palanque.

Silva marcou seu nome enquanto candidata presidencial na última década, agora ausente, mostra que seu apoio tem caráter simbólico, e o simbólico é relevante.

Pontua-se aqui que Marina tem uma coisa de Geraldo Alckmin, além do ar de neoliberalismo, ela também é lenta em suas decisões. Portanto, apesar de próxima, é preciso lembrar que é um tempo Marina Silva de ser.