Luciano Bivar, o presidenciável do União Brasil

O partido que resultou da fusão do Dem e do PSL planeja oficializar a pré-candidatura de Bivar à presidência amanhã, 31. Porém, com um nome sem votos, o União vai usar do seu largo tempo de TV e gordo fundo eleitoral para negociar o apoio da legenda.




Colunas, Paulo Junior

Talvez o nome de Luciano Bivar seja estranho aos ouvidos. Afinal, trata-se de alguém pouco conhecido. Mas, Bivar será oficializado pré-candidato à presidência da República amanhã, 31. Isso seria mais uma formalidade de nomes pouco relevantes que surgem no período eleitoral, no entanto, o nosso personagem será candidato pelo maior partido do país atualmente: o União Brasil. A legenda, que também é presidida por ele, terá o maior fundo eleitoral entre todas as siglas, e o maior tempo de rádio e TV.

De modo mais objetivo, indica-se que o União Brasil receberá 15,73% de todo o recurso reservado ao fundo que assegura a realização das campanhas sem a ampla dependência de doações privadas. Em números totais, estima-se que o União Brasil deve comandar mais de R$770 milhões, montante bem superior ao segundo partido que mais receberá, o PT terá ao seu dispor cerca de R$484 milhões.

Esse volume de dinheiro em caixa coloca a legenda, que resultou da fusão do Dem com o PSL, em um lugar confortável, pois, ela tem uma elasticidade considerável na negociação de alianças e construção de acordos. Nessa linha, é pouco provável que a sigla em destaque carregue a candidatura Bivar até outubro. Ao que parece, o objetivo é ampliar o valor do passe. Portanto, é preciso atenção para saber quem irá compra-lo.

Luciano Bivar é deputado federal por Pernambuco, tem 77 anos, e é uma figura do baixo clero do Congresso. Nunca foi muito relevante. O auge de Bivar se deu em 2018, quando ele entregou seu então partido, o PSL, à Bolsonaro. Além disso, o deputado não coleciona momentos de protagonismo, trata-se de um político agarrado ao centrão, e replicador de suas práticas.

Tão replicador, que esteve alinhado ao bolsonarismo até o momento em que sentiu seu peso na balança diminuir. Ou seja, até o momento em que conseguia para si tudo aquilo que era desejado. O União Brasil é um tornou-se um receptáculo de bolsonaristas arrependidos. Porém, em grande parte o arrependimento é sintoma de momento, podendo não ser causa derradeira. Assim, o retorno ao berço de origem neste momento não deve ser descartado.

Bivar já disputou à presidência em 2006, tendo ficado em penúltimo lugar. Naquele ano, o político angariou 0,06% dos votos válidos. Hoje, a perspectiva não é que vá muito além disso. O tempo em TV e o dinheiro que o partido tem acesso poderiam lançar o postulante a uma posição de menor coadjuvantismo. Mas isso não ocorrerá. Não ocorrerá porque a legenda tem planos mais pragmáticos, espacialmente depois de abandonar o conjunto de partidos autointitulado de terceira via, e que vem apoiando a senadora Simone Tebet (MDB).

Luciano Bivar joga com as cartas escondidas, trabalha para abrir mão da campanha antes da convenção nacional do União Brasil. Até lá, deve se aproximar dos nomes mais competitivos e definir as bases que irão guiar o apoio de seu partido. A candidatura é um fantoche, e Bivar o seu manipulador.

Se ele não conseguir de alguém verdadeiramente competitivo a garantia de postos relevantes em um eventual governo, é provável que a candidatura fantoche permaneça. E assim, em outubro se verá um Bivar parecido com o de 2006. A diferença é que em 2006 a desculpa para o pífio resultado estava na ausência de estrutura de campanha e tempo de TV. Dessa vez haverá tudo. Resta ver a desculpa que o comandante do fantoche de si irá encontrar.