Janeiro: um mês inspirador

Janeiro é o mês dos Desejos, da Paz, da Gratidão e do Leitor.




Coluna Literária, Colunas

O poeta já o disse certa feita que a ideia de cortar o tempo em fatias e dar o nome de ano foi uma manifestação genial. 

O ano formado por meses assume significados distintos e múltiplos em nossa existência. Então, vou me atentar ao primeiro mês, aquele que desejamos deixar para trás os erros cometidos, os desencontros, as brigas, as tragédias e os amores desfeitos. 

Janeiro, do latim Ianuarius, é uma homenagem a Jano, deus do começo, das decisões e das escolhas na mitologia romana, que tinha duas faces, uma olhando para trás, o passado e outra olhando para a frente, o futuro.

A face que olha para frente significa a renovação de nossas forças, de nossa esperança e a reafirmação de nossas crenças. É a possibilidade de começar do zero, só que mais consciente das pedras no meio do caminho. É a oportunidade do novo tomando como base o já vivido, o realizado, o aprendido e o dorido, porque o doer é uma forma de aprender. 

Janeiro é o mês dos Desejos: os meus e os seus. Eu te desejo Paz interior, Saúde física e mental, Viagens para dentro e fora de si, Família unida, Amigos cúmplices, Coração transbordando de fé, Luz na caminhada e Poesia, claro, para acalentar os dias cinzas, as noites em claro e para resistir às descrenças que teimam em surgir com o passar dos meses. 

É também o mês de celebrar datas significativas: no dia 01, comemora-se o “Dia Mundial da Paz” criado pelo Papa Paulo VI ainda no ano de 1967. Dia 06, segundo a tradição cristã, comemora-se o dia de Reis, em alusão a visita de três Reis Magos ao menino Jesus, além de celebrar o dia da Gratidão. E, hoje, 07 de janeiro é o dia do Leitor.  

Ser leitor em um país como o Brasil que taxa os livros e não as armas, é um desafio solitário e enriquecedor. Ser leitor é um convite para sair de si e conhecer outros personagens, escutar outras vozes, debater sobre outros pontos de vista, é ser embalada por narrativas que nos fazem pensar  quem somos e quem não queremos ser, é conhecer a dor e a alegria de histórias tão parecidas como as nossas, é ficar mais lúcido e mais crítico com o passar das páginas, é preferir conversar com Cecília Meireles (1901-1964), Clarice Lispector (1920-1977) ou Rachel de Queiroz (1910-2003) a ficar zapeando a TV em busca de um programa interessante que nos faça esquecer dos problemas do cotidiano ao menos por cinco e eternos minutos. Ser leitor é ser resistência a um mundo caduco de relações líquidas. 

Que venha Janeiro e nos traga múltiplas possibilidades do diferente, do novo, do silêncio que que nos permite escutar nossa voz, nossos receios, nossos impulsos que nos impele para frente. Que venha Janeiro e renove nossos mais íntimos sentimentos de Força, Gratidão, Esperança, e Determinação diante das mazelas que estão por vir. Que venha Janeiro e que possamos fazer nossa lista de livros para o ano, mas sobretudo que possamos ler as dores de nossos corpos e encontrar a beleza guardada em cada um de nós.