A novidade foi aprender a subir nas cadeiras, logo no primeiro dia. Foram algumas manhãs, dias de sol, hora e outra chovia. O comando subversivo ordenava poesia e invenção para combater as algemas e o tédio. A forma de falar deixava inquietações. A certeza era sempre uma dúvida para outras perguntas.
Nunca soube ao certo porque subia nas cadeiras, logo ali, onde a regra era o silêncio e a submissão. Ela viu outra forma de pensar, até o cabelo raspado marcou aquelas manhãs em que se conversava debaixo da árvore e andava na linha amarela que dividia o asfalto da rua.
Diante do espelho percebe que o momento é diferente, as marcas estão salientes, existem músicas tocando ritmos diferentes dentro de si. Entre um plantão e o outro, injeta sonhos e lembra que é possível subir nas cadeiras.
Respira. Escuta a natureza selvagem, subversiva. Toma água, esfria o corpo, aquece as ideias. Rever as fotos, morde os lábios. A casa está vazia, mas as lembranças continuam residindo dentro dela. Tenta se ler. Fecha os olhos e é pega de surpresa subindo em cima das cadeiras.