Ciro Gomes(PDT) amplia conversas com PSD e União Brasil

O presidenciável do PDT aumenta os esforços na ânsia de evitar o isolamento que o ronda. Ciro tenta mostrar-se viável, a fim de fazer frente a polarização montada entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL).




Colunas, Paulo Junior

O pedetista Ciro Gomes caminha para sua quarta campanha presidencial, segundo ele, esta deve ser sua derradeira disputa. Porém, mesmo diante do que seria sua última ida às urnas como candidato, ele não vem conseguindo agregar, ao menos por ora, um razoável número de apoios e alianças. Ciro (PDT) está em uma posição incomoda, precisa agir para não ficar novamente isolado, como em 2018. Nessa linha, os últimos dias vem sendo marcados por um acréscimo nítido nos diálogos travados entre a direção nacional do PDT e o PSD, de Gilberto Kassab, e o União Brasil, comandado por Luciano Bivar.

De acordo com Gomes, a preferência por esses partidos se dá porque eles não teriam pré-candidatos lançados. O União Brasil chegou a lançar Bivar como nome do partido na corrida pelo Palácio do Planalto, entretanto, ao que tudo indica a postulação tende a ficar pelo caminho, abrindo espaço para que o partido endosse alguma campanha. Ciro Gomes está apostando que será a dele.

Ainda no seio do União Brasil, é necessário ponderar que ACM Neto, secretário geral da legenda, defende abertamente que se for para a sigla assumir o posto de vice, melhor que seja em uma chapa encabeçada por Gomes. Esse contexto aponta de modo mais claro que o partido que nasceu da fusão do Democratas com o PSL caminha, de fato, para deixar a mesa de negociais do que foi denominado como ‘centro democrático’, e que se trata de uma junção momentânea de PSDB, MDB, União e Cidadania. Os quatro partidos iriam lançar um nome único até 18 de maio, no entanto, as conversas vêm sendo travadas, e o União Brasil já pensa em deixar o coletivo.

Nesse caminho existe também o PSD, dirigido por Gilberto Kassab, e que tem aproximações mais densas com o ex-ministro. Ciro e Kassab mantém conversas há um longo período, desde quando o partido ainda apostava no senador Rodrigo Pacheco (PSD) como pré-candidato. Atualmente as tensões vêm sendo relativizadas, e Gomes chegou a viajar recentemente à São Paulo exclusivamente para participar de um jantar com o presidente da legenda. O pedetista, acompanhando de seu irmão Cid Gomes (PDT), também foi recebido, em abril, por Pacheco, que preside o Senado Federal.

Políticos posam juntos após almoço entre irmãos Gomes e o presidente do Senado Federal. Cid Gomes (PDT-CE), Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Ciro Gomes (PDT-CE). Foto: Senado Federal

As fotos do pós encontro denotam que a aproximação tem buscado firmar-se. Pacheco declarou que Ciro “aponta caminhos para o desenvolvimento do país”. Assim, o pedetista busca formas de fazer com que as aproximações que já existem entre o PDT e o PSD em alguns estados consiga atingir o patamar nacional. Os partidos caminham juntos no Ceará, Rio de Janeiro, e tentam fincar parceria em Minas Gerais, por exemplo.

Contexto semelhante ocorre junto ao União Brasil, as siglas já atuam de modo próximo em estados como Alagoas, Goiás, Bahia e Santa Catarina. Ou seja, já existe um meio de proximidades que está sendo elaborado em nível regional, resta ver se as diferenças que marcam cada uma das agremiações serão mitigadas em uma esfera macro.

Ciro Gomes está com a campanha na rua, tem dado uma dezena de entrevistas, apostado em ações na internet, e agora deverá rodar o país em uma espécie de caravana. A expectativa do pedetista é manter as conversas abertas, não quer travar nenhuma tratativa, e deseja estar mais competitivo até junho, consolidando-se de fato na terceira colocação e apresentando um viés de crescimento. Hoje, Gomes tem alternando entre 6% e 9% das intenções de voto, a depender do instituto.

É importante frisar que o PDT está de olho de algumas possibilidades do apoio PSD e União Brasil, articulando para que se ele não vier de maneira formal, para que a bancada esteja livre para aderir à outras campanhas. Nesse contexto, os pedetistas buscariam que as lideranças de alguns importantes colégios eleitorais atuassem em favor de Ciro.

O que se deve lembrar, porém, é que PSD e União Brasil ainda irão esticar boa parte dessa corda, pois o fundo eleitoral das agremiações é considerável. Ou seja, a quantidade de recursos que esses partidos terão para campanha é absurdo, e eles saberão usar disso na caminhada que levará alguém ao Planalto Central.

A preço de hoje, Ciro bebe do mesmo isolamento de 2018, talvez dessa vez ele consiga sair dele, mas o tempo está curto e a polarização cada vez mais acentuada. Gomes corre contra tempo. Entretanto, parece que o tempo, por ora, tem sido mais veloz, limitando os passos do político cearense.