Cecília Meireles: Uma poeta sob o signo da perda

O mês de novembro traz a poesia de Cecília Meireles, nascida no dia sete de 1901
no Rio de Janeiro, uma das mais importantes poetas líricas do século XX.




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Mulher, mãe (três filhas), cronista, jornalista, pintora, conferencista, professora,
pesquisadora e uma das poetas líricas mais proeminentes do século XX, com uma poética, em
linguagem elevada e intimista, que tratou essencialmente de temas universais.
Cecília Meireles (1901-1964) foi uma poeta encaixada na 2ª Geração do Modernismo
brasileiro, cuja obra, porém, apresenta características do Romantismo, do Classicismo, do
Parnasianismo e do Simbolismo.
Sua trajetória é marcada por uma sensação de perda e de orfandade, além de uma
simbologia com o número três: três meses antes de vir ao mundo seu pai faleceu. Aos três anos
de idade, sua mãe.
A convivência com a morte não lhe trouxe amargura. Pelo contrário: com a ausência
dos pais foi criada por sua avó materna, Jacinta Benevides e da babá Pedrina, que lhe contavam
histórias que aguçavam sua imaginação e sensibilidade. Além disso, aprendeu a transitar
docemente entre o Efêmero e o Eterno.
Estreia na Literatura com a obra “Espectros” (1919), um conjunto de dezessete sonetos
de influência simbolista retratando temas históricos, religiosos e mitológicos. Em 1939, com a
obra “Viagem”, noventa e nove poemas, ganhou o Prêmio de Poesia Olavo Bilac, da Academia
Brasileira de Letras. Trata-se de uma viagem interior e introspectiva que passa por sentimentos
como a solidão, a melancolia, o sonho, a saudade, o amor e até a morte.
Em suas obras voltadas para o público infantil, como “Criança meu amor” (1924) e
“Isto ou Aquilo” (1964) há o predomínio da ludicidade, do encantamento por meio de uma
linguagem fluida, marcada pela poeticidade, repetição e musicalidade. O tom persuasivo cede
espaço para o tom de cumplicidade entre crianças e adultos.
Ler Cecília é como atravessar “noites e dias / no vento”, não precisa, pois, de “Motivo”.