Camilo Santana (PT) perde força na disputa ministerial

O político já esteve entre os nomes mais cotados para assumir algum ministério do primeiro escalão federal. Entretanto, hoje, vê essa possibilidade diminuir, em face ao perfil conservador do Congresso. O PT considera o Camilo senador essencial para a governabilidade.




Colunas, Paulo Junior

Eleito senador pelo Ceará, o ex-governador Camilo Santana é desde cedo cotado para o posto de ministro, tendo sido dado como nome certo na esplanada de Lula. Contudo, o perfil do novo Congresso, e o seu claro conservadorismo, tem feito com que o presidente eleito reavalie a colocação de tantos nomes do senado em postos de ministro, já que políticos como Wellington Dias (PT-PI), Flávio Dino (PSB-MA) e Randolfe Rodrigues (REDE-AP) também disputam posições.

E nesse processo de reavaliação, Lula tem percebido que é necessário equacionar tudo a ponto de que a base do seu futuro governo não fique entregue a nomes sem traquejo e vivência política. Camilo é bem avaliado pelo alto comando do partido e pelo próprio presidente eleito, segue com o nome listado entre os ministeriáveis, porém, cresce a percepção interna de que o cearense seria muito útil ao governo permanecendo no Senado.

A compreensão é de que Santana tem um perfil conciliador, e que isso seria relevante no atual quadro do Senado, que tem uma maioria considerável de oposição. Especialmente quando se nota que o PL, partido de Bolsonaro, tem a maior bancada da casa, com 14 senadores. A leitura do PT é de que Camilo conseguiria estabelecer uma frente de diálogo importantes para garantia da governabilidade, e naturalmente para que as medidas propostas pelo executivo encontrem um ambiente profícuo de discussão.

A realidade é que Camilo segue desconversando, sempre que questionado encontra um método de sair pela tangente, evitando o assunto. Mas, as definições estão se afunilando, e o que se nota é que o ex-governador vem perdendo espaço quando o quesito é esplanada, e ganhando folego no âmbito do Senado.

Entretanto, não se pode agir no campo da tolice, Camilo provavelmente tem conversas com o PT e Lula, afim de que ele seja colocado em um ambiente de destaque. Nessa linha, ele pode vir a ser cotado como líder do governo na casa, ou ao menos líder do partido, o que lhe garantiria alguma projeção. Porém, o esfriamento do nome de Santana entre os ministeriáveis congrega-se ao aquecimento das menções à atual governadora do Ceará, Izolda Cela, para chefiar a pasta da Educação, considerada prioritária e com um dos maiores orçamentos da União. Izolda é um nome extremamente ligado à Santana, e caso a indicação futuramente ocorra, trata-se de uma vitória que deve ser politicamente creditada a ele.

Quem também é próximo do senador eleito é Sandro Caron. Delegado da Polícia Federal, Caron foi secretário de segurança na gestão de Santana, e atualmente está mencionado para uma posição de relevância na administração Federal. Lembra-se que na campanha, o candidato Lula afirmou que o Ministério da Segurança Pública seria recriado.

No frame deste instante o filme mostra o ex-governador assumindo o Senado, e sendo uma das principais vozes do governo na casa. No entanto, é lógico que ele trabalha para emplacar alguém na esplanada de Lula, e apesar dos dois nomes citados, o que mais tem força no agora é Izolda, considerada técnica, ela tem maiores chances de obter consenso para sua indicação. Enquanto isso, Camilo Santana precisará fazer-se notar no Senado, ser de fato essa voz que o PT espera que ele seja. Caso não o seja, os planos futuros do petista tendem a naufragar. Pois uma coisa é certa, a sucessão de Lula já está na mesa, e o PT avalia seus quadros para saber quem monitorar e apostar, Camilo está no páreo e jogando. Haddad também.