No dia 02 de junho do ano de 1952, nascia no Rio de Janeiro, Ana Cristina César ou Ana Cristina C., sinônimo de sensibilidade, solidão, melancolia e inteligência. Além de ensaísta, jornalista, tradutora, crítica literária e poeta foi um dos nomes mais significativos da Poesia Marginal ou, simplesmente, Geração Mimeógrafo – movimento que eclodiu nas décadas de 1970-1980 e enfrentou a censura imposta pela ditadura militar.
Sua afinidade com a leitura desde criança despertou seu interesse pela poesia, pois aos seis anos de idade declamava para sua mãe, a professora Maria Luiza Cruz. No ano de 1969, em uma viagem a Londres, trava contato coma literatura inglesa. As leituras de Emily Dickison (1830-1886), Katherine Mansfield (1888-1923) e Sylvia Plath (1932- 1963) contribuíram para aguçar seu interesse pela literatura. Aos 19 anos de idade, ingressou no Curso de Letras. Fez mestrado em Comunicação, dedicou-se a escrever, a traduzir e a colaborar com críticas literárias para revistas e jornais.
Muitos foram os ensaios produzidos, como “Riocorrente, depois de Eva e Adão” (sobre Ana Melin), “Literatura e mulher: essa palavra de luxo” (ensaio meio ficção) em que refletia sobre a mulher e a poesia. Ela acreditava na impossibilidade de esquecer o gênero de quem escreve e era categórica ao afirmar: “Não adianta, as mulheres escritoras são raras e o fato de serem mulheres conta”.
Em 1976, participou da antologia 26 poetas hoje, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda (1939). Em 1982, publica a única obra em vida, A Teus Pés, que reúne, a um só tempo, três outros livros escritos em 1979: Luvas de Pelica, Correspondência Completa e Cenas de Abril.
Ana Cristina César partiu desse plano com apenas trinta e um anos de idade deixando-nos poemas de extrema singularidade, beleza, vitalidade em que o ficcional e o autobiográfico caminham intimamente. A beleza estética de seus versos pede para que continuemos a lê-la.