Dificilmente um cearense não leu Rachel de Queiroz (1910-2003), a primeira
mulher (e nordestina) a ingressar na Academia Brasileira de Letras, em 1977 e, também,
a receber o prêmio Camões, em 1993.
A questão aqui é outra cearense: Alba Valdez, nascida em 12 de dezembro de
- A Literatura Cearense está repleta de escritoras esperando para serem lidas. É por
isso que o escritor/a escreve: para compartilhar o que não cabe dentro de si.
Alba Valdez atuou por muitos anos em vários jornais da capital cearense: A
Tribuna (1922), O Nordeste (1927), Unitário (1955) etc. É preciso que se diga que Alba
Valdez era pseudônimo. Seu nome era Maria Rodrigues Peixe. Usá-lo era uma forma de
fugir das vistas de seus pais que acreditavam que o ato de escrever era uma atividade
masculina.
Alba não concordava com seus genitores. Formou-se professora, tornou-se
escritora e uma defensora da causa feminista. Ela defendia que o espaço público deveria
ser ocupado por qualquer mulher, se assim o desejasse. Participou Centro Literário, da
Boemia Literária, da Iracema Literária e da Padaria Espiritual.
Em 1901, escreveu seu primeiro livro intitulado Em Sonho, uma coletânea de
contos, crônicas e outros textos em prosa. Alguns deles foram traduzidos para o sueco e
para o francês, como o conto A Carta. Em 1904, fundou a primeira Liga Feminista
Cearense, porque acreditava que as mulheres podiam se destacar “fora do lar”. Em
1907, veio à tona seu segundo livro: Dias de Luz, relatos de sua infância e adolescência.
Em 1936, foi a primeira mulher a ingressar no Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico
e Antropológico). E um ano depois, (1937) também foi a primeira a romper o seleto
espaço masculino da Academia Cearense de Letras.
Alba Valdez em seu tempo rompeu barreiras. Nós leitores, em nosso tempo,
estamos sendo convidados a recompensá-la por sua luta: ler e divulgar sua obra é a
melhor opção.