A língua se reinventa, a verdade se inventa

Por Fidel Morais Lucas, Estudante do Ensino médio, em Crato – CE




Colunas

Mikhail Bakhtin, filósofo e pensador russo, afirmou que a palavra é “o indicador mais sensível de todas as transformações sociais”, de forma a comprovar a necessidade de uso de neologismos para a expressão social de um determinado período. Nesse sentido, surge, no século XXI, o termo “(des)infodemia”, que designa uma pandemia de informações fraudulentas, as “fake news”. Faz-se, assim, relevante a análise da evolução histórica desse acontecimento e do seu impacto negativo na sociedade hodierna.

Constata-se, a princípio, que a propagação de informações fraudulentas não é um problema exclusivo do século XXI e sim que ganhou um maior potencial nesse período. Desse modo, é válido ressaltar a figura estereotipada do negro no personagem Jim Crow, que foi disseminada ,no século XIX, visando prevalecer os ideais racistas das oligarquias dominantes dos Estados Unidos. Vários períodos transcorridos, observa-se, ainda, a presença constante da desinformação, que, devido à evolução dos meios técnicos-informacionais, apresenta-se com um enorme potencial de disseminação, proporcionando que, em segundos, pessoas de influência possam, a partir dos seus ideias, manipular e iludir toda uma nação.

Ressalta-se, ademais, que a propagação de notícias falsas colabora para a desestabilização da sociedade, gerando medo, desinformação e ansiedade no povo. A exemplo disso, deve-se citar os atos do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, que, em meio a uma pandemia, promoveu discursos negligentes com a situação do país, contribuindo para a continuidade do agente patológico. Nesse contexto, observa-se o quão danosa uma pandemia de “fake news”, “(des)infodemia”, pode ser danosa para o conjunto social, de modo a afetar a noção de verdade dos cidadãos e, dessa forma, desenvolver uma sociedade doente, ignorante e acrítica, contrariando o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos que prevê a liberdade de expressão e de opinião.

Diante do exposto,
fica claro que as “fake news” e a “desinfondemia” são aspectos que foram agravados, pela ascensão dos meio digitais, no século XXI e que impactam, notoriamente, a vida da população mundial, de forma a gerar uma sociedade acrítica e, consequentemente, a ameaçar a democracia vigente . Portanto, é evidente a importância dessas novas palavras para a ampliação do conhecimento e do debate acerca das chagas que circundam o mundo atual, demonstrando, assim, o que foi teorizado por Mikhail Bakhtin.