A irrelevância política de Sérgio Moro

Eleito senador pelo Paraná, Moro agora sofre com uma investida do PL contra seu mandato. Aliado prioritário de Bolsonaro no segundo turno, o ex-juiz se vê rifado antes da legislatura começar. Sem capacidade de interlocução, seguirá bebendo irrelevância.




Colunas, Paulo Junior

Olhar a história política do ex-juiz Sérgio Moro (UB) é observar a construção de um político pífio. Sem ideais, e com um conceito deturpado de combate à corrupção, ele é um fantoche da sua própria narrativa. Moro segue escolhendo colocar-se no esgoto. E ao levar-se a esse local, mal percebe que os ratos esperaram apenas o instante correto para tentar extirpá-lo até das marés das águas sujas.

Não é preciso aqui refazer toda a linha do tempo do político Moro, que atua como tal desde os períodos de juiz federal. O que está nos holofotes no momento é o retorno dele ao covil bolsonarista. O ex-ministro de Bolsonaro rompeu com o chefe do executivo em um ato pensando, chamou a imprensa, fez acusações e obrigou o Planalto a realinhar as coisas depois de sua saída. Após isso, Moro tentou fazer-se crítico de seu ex-chefe, do mesmo modo que tentava se construir candidato à presidência.

Entretanto, as páginas dos jornais contam uma história diferente. A tentativa de moro de chegar ao Planalto fracassou antes de começar, e assim, ele foi levado a disputar um posto no Senado, venceu. Em seguida retornou de vez ao covil, e foi cabo eleitoral prioritário de Bolsonaro no segundo turno. Bolsonaro perdeu. O PL quer que Moro também perca.

O ex-ministro da Justiça foi eleito Senador pelo Paraná com 33,5% dos votos. Em segundo ficou o postulante do PL, Paulo Martins, que alcançou 29,12%. Agora, a sigla de Bolsonaro ingressou na Justiça Eleitoral com uma ação contra o ex-juiz, acusando-o de irregularidades nas contas de campanha. Se, por ventura, o PL lograr êxito na causa, é provável que Martins assuma a vaga no Senado Federal.

O ex-ministro de Bolsonaro parece sem rumo, e mesmo com a votação expressiva que alcançou na corrida pelo senado, não consegue alocar-se com relevância no cenário político. Moro já era irrelevante antes do processo, agora parece que sua irrelevância foi ampliou. Moro estaria, até, buscando apoio no ainda ocupante do Planalto para costurar sua filiação ao PL, na busca de findar a ação em destaque. Todavia, o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto, é frontalmente contra a filiação.

Sérgio Moro ainda tem de lidar com uma ação movida pela Federação Brasil da Esperança, que coloca ponderações sobre o domicílio eleitoral do ex-jurista. Na interpelação em observância, a Federação alega que o político não finalizou a filiação ao UB em tempo hábil, já que o desejo inicial do União Brasil era fazer Moro concorrer a uma vaga de Deputado Federal por São Paulo. No entanto, a mudança de domicilio foi vetada em face da legislação vigente.

Moro é a síntese de um apolítico, ele nega tudo e não consegue consolidar nenhuma base idearia. Ele não tem norte, tem apenas desejos de poder e espaço. No entanto, sem fidelidade ao seu próprio discurso, segue cada dia mais sem poder ou espaço. É improvável que as ações abordadas aqui culminem com a sua perda de mandato, mas, são gotas derradeiras em seu sonho presidencial.

Iludido com os holofotes, Sérgio Moro achou que saberia lidar com a seara política. Não sabe. Não sabe, pois ele é incapaz de lidar até mesmo com a sua própria história. Ele o recalque em forma. Moro recalca tudo, e ao fazer isso torna-se nada, vazio, dependente. Ele segue trilhando o espaço da insignificância, assim foi enquanto jurista, ministro, político.

Nunca se falou em baixo clero no Senado Federal, Moro inaugura a posição. Mas, ele está acostumado a ficar ali esquecido, no fundo da sala, em silêncio; quando se cansa disso tenta acessar o esgoto e andar com as ratazanas de outrora, todavia, também não é mais bem quisto por lá.