Essa democracia romanceada não cabe dentro da realidade concreta e tem causado uma confusão teórica e prática para processo democrático. O termo é bastante difundido pela direita e é também mal compreendido pela esquerda.
Os defensores da democracia romanceada acreditam fielmente no diálogo e na harmonia entre as classes sociais antagônicas, desprezando a força motriz da sociedade baseada na propriedade privada, que é a luta de classes. O que temos hoje de democracia é resultado de conflitos históricos.
A democracia romanceada tende a advogar uma farsante democracia baseada na supremacia de um só lado, em que cabe, os que comungam do mesmo poder e seus adestrados. Os que divergem são postos na marginalidade e na criminalização antidemocrática.
Desqualificar a luta política dos que estão nas margens e fora dos espaços de decisão política é golpear a democracia. Se essa é uma prática comumente vinculada ao campo conservador e a uma elite econômica, alinhada aos partidos de direita, possivelmente precisamos ampliar o debate e desconstruir esse olhar.
A esquerda não é a epopeia da democracia, precisamos cuidar para não caímos nos discursos romanceados de democracia e nem validar organizações que se autoproclamam como detentoras da patente da democracia.
As gestões públicas dirigidas pelas esquerdas devem qualificar e promover o espaço do conflito. As gestões democráticas e participativas não pode ser uma mera maquiagem eleitoral e publicitária, em que disfarça formas de isolamento e distanciamento dos espaços de decisão.
Radicalizar a democracia, é o caminho que nos interessa. Para a esquerda, democracia apresenta dois aspectos básicos que precisam ser aprofundados que é socialização e simplificação de acesso aos serviços e a abundância dos mecanismos de controle e participação social. Portanto, democracia é promover a confusão para dividir os espaços de poder e multiplicar a acessibilidade ao estado.